Arquivo diário: 03/30/2015

Ó CRUZ, TU NOS SALVARÁS!

Durante a semana santa, a cruz do Senhor é reerguida no horizonte da nossa existência para que a contemplemos com olhar de fé e a assumamos sobre os ombros da obediência e os joelhos da humildade. Não se trata mais de um formato de madeira entregue à sorte dos maus e infiéis, não! A cruz tornou-se “árvore da vida”, o lugar da nossa redenção, pois o Filho de Deus, esvaziando-se de si mesmo, numa total entrega ao Pai, assumiu a morte de cruz. Deste modo, o que antes era tido como loucura e escândalo, transformou-se em expressão da incomparável sabedoria do poder de Deus.

Jesus bem poderia ter rejeitado a cruz, e não lhe faltaram as ocasiões para isso. Para muitos do seu tempo, presos aos esquemas deste mundo, inclusive alguns dos seus discípulos, a cruz não passava de um projeto fadado ao fracasso. Não lhes passava pela cabeça o discurso da cruz na postura de um Messias-Rei.

Mas alguém que fez de sua vida uma oferta total não poderia deixar de abraçar a cruz como prova suprema de tudo o que fez e ensinou: perdoar, servir e amar. A cruz sempre foi posta diante de Jesus sobretudo quando este foi desafiado a rejeitar a vanglória, ao sucesso imediato e ao poder fácil em troca da opção pelos pequenos, fracos e injustiçados, tudo em vista de um programa de vida que o conduziu ao calvário e à gloria: “Eu vim para servir”(cf. Mc 10,45).

Pois bem, contrariando toda lógica humana, mas plenamente coerente com a missão que abraçou, o Filho de Deus assumiu a cruz, não sob a ilusão de um projeto condenado ao fracasso, mas numa atitude de confiança e obediência Àquele que o podia salvar da morte. E por causa da sua obediência, ele foi atendido, tornando-se a causa da nossa salvação (cf. Hb 5,7-9). Portanto, a morte de cruz não foi o aval de Deus à sentença que os poderosos impuseram a Jesus, mas o modo misterioso da salvação se realizar uma vez por todas na história da humanidade. O que vemos na cruz é a morte que se faz vida, o grão de trigo machucado e triturado que se torna perene alimento de vida eterna.

Como não se aproximar do mistério da cruz? Quem rejeita a cruz do Senhor não compreendeu a essência do Evangelho. Afinal, como escreve o Apóstolo Paulo: “não pregamos outro Cristo senão o crucificado” (1 Cor 1,23). Somente o que cabe na cruz pode verdadeiramente ser redimido e transformado.

Quantas lições aprendemos contemplando a cruz de Cristo! Sabiamente nos diz o Papa Francisco que “ninguém passa pela cruz do Senhor sem tirar algo dela para si e sem deixar algo de si nela”. É isso mesmo! A cruz abraça a nossa história e, por isso, compreendemos que as dores, angústias e sofrimentos, quando tocadas pela radiação de misericórdia que emana deste mistério, se transformam em vida interior, em experiência de ressurreição.

A ressurreição é resposta do amor àquele que sempre amou. De fato, quem ama jamais verá a morte, assim o intuiu o discípulo amado. E foi na cruz, onde o Filho de Deus mais sofreu, que ele mais amou.

Aproveitemos, pois, este tempo de graça para nos aproximar mais da cruz do Senhor com gratidão, humildade e confiança e, prostrados diante de tão sublime mistério, rezemos: “nós vos adoramos Senhor Jesus e vos bendizemos, porque pela vossa santa cruz remistes o mundo”!

Pe. Edmilson José dos Santos